04/12/2007

Biodaversity Code

Um pequeno mas interessantissimo filme de animação que nos deverá fazer pensar sobre o antropocentrismo reinante e porque não dizê-lo arrogante com as suas imprevisiveis consequências. Divirtam-se...

http://www.daversitycode.com/

15/11/2007

Buy Nothing Day

24 de Novembro - porque não ?

http://adbusters.org/metas/eco/bnd/

C R E S C E R





Os abaixo considerandos vêm a propósito da recente e profícua emanação na comunicação social local de artigos e noticias relativas ao crescimento da cidade e ao ímpeto decorativo de entradas e saídas que impõe o desígnio capital europeia da cultura.

Artigos de opinião, notícias de ambiciosos planos têm dado especial enfoque à veiga de Creixomil, como a “natural” porta de entrada de uma cidade que se quer média e de afirmação regional.

Neste aparente unanimismo na escolha de um dos territórios para quem chega à cidade, percebe-se alguma diversidade (uf…) mas apenas na multiplicidade construtiva, expressa em ousados e pós-modernos edifícios, lagos e, a prazo, outros equipamentos e funcionalidades.

Na continuada afirmação da cidade média, a prazo uma capital europeia da cultura, os gestores do território, veiculam a imperiosa necessidade de crescimento em gente e em equipamentos de fruição social e cultural. O (muito em voga) levantar do chão de obra(s) arquitectonicamente arrojada(s) e desmesuradamente cara(s), ou aquilo que alguns designam de equipamento ancora para o evento 2012, parece reunir consenso.

Quanto à capitalidade desejada, parece-me oportuno ponderarmos que cidade queremos ser, sob o risco de, se não for feito “o trabalho de casa”, descapitalizarmos os recursos e escala que ainda possuímos.

Senão vejamos. Numa Europa e Portugal em retracção demográfica e económica, a cidade de Guimarães acordou milagrosamente tarde para o descontrolado e descaracterizado crescimento urbano do último quartel do século XX português, assumindo-se (talvez involuntariamente) nalguns pontos uma lufada de ar fresco numa região bafienta e desordenada que merecidamente poderia ser apelidada de uma das mais desfiguradas e predatória de recursos naturais do país.

Quanto ao desígnio de crescimento, urbanizar a veiga de Creixomil poderia ser um importante e decisivo passo para o caos, decalcando o modelo de urbanismo da nossa vizinha Braga e do seu inestimável e pós moderno crescimento.

Nem de propósito a alguns dias calhou-me em mãos um artigo de jornal sobre Cork, cidade irlandesa que foi capital europeia da cultura em 2005. No artigo percebíamos uma pequena cidade cujo desígnio e afirmação estratégica se centrava quer no património histórico e cultural quer nas paisagens naturais, jardins e parques da cidade e região envolvente.

Outros exemplos? Olhemos para Weimar, cidade alemã de pequena dimensão (60000 habitantes??...), uma referência central na construção e afirmação cultural e politica alemã e porque não europeia, berço de escritores, compositores, pensadores, artistas, com uma vitalidade secular.

Numa era em que a multiplicidade frívola de estímulos e ambição de crescimento é inversamente proporcional à construção de um mundo enfadonho e desigual, podemos afirmar que no desígnio da capitalidade “size doesn’t matter”.

No que concerne à Veiga de Creixomil, tal como a de Balazar e de S. Torcato, são o que resta de um passado de quintas, campos de cultivo e pequenas hortas, onde muitos homens e mulheres cresceram servindo os rendeiros a troco da alimentação e guarida.

Quintas onde o trabalho à jorna (pelos criados, como antes lhe chamavam) assegurava o ganha-pão de muitos homens e mulheres, num tempo em que a industria têxtil e de fiação emergiam timidamente.

Nesse tempo (finais do sec.XIX e primeiras décadas do sec.XX) em que à cidade de comerciantes e artificies acorriam os lavradores da veiga, onde a troco da “lavadura” (leia-se restos de comida) para a alimentação dos animais e do esterco das latrinas da cidade para adubar os campos, se deixavam molhos de lenha para padarias e residências. Nesse tempo em que as lavradeiras corriam as ruas a vender leite a quartilho.

Mais do que um exercício nostálgico de um tempo que já lá vai, o relato serve para situar um território como a veiga, cuja terra e ribeiros fazem dele um espaço de inegável vocação agrícola, apropriado durante décadas por gerações de agricultores que da terra tiravam sustento e renda.

Quando ouvimos que a cidade merece uma entrada condigna com as aspirações e pergaminhos da urbe e com isto afirmamos a veiga de Creixomil como prioridade de intervenção, devemos ter cautelas no decalque de modelos de crescimento estéreis e insustentáveis. Senão vejamos:

A ideia de uma nova centralidade fundada em edifícios ou equipamentos âncora, cujas sinergias desencadeariam dinâmica, crescimento económico e dinâmica social, pode à semelhança de recentes exemplos nacionais, veicular uma ideia de urbanismo segregador, cujos territórios e preços altamente especulados são apropriados por uns (minoria) excluindo outros (a maioria).

Este mesmo urbanismo, assenta na maior parte das vezes em edifícios e equipamentos de autor (perdoem-me a expressão) cujos custos e usos públicos nem sempre são ponderados e planeados.

Assim neste desígnio não desprezível da capitalidade cultural, sugiro que a âncora seja o planeamento e afirmação definitiva de uma cidade sustentável, onde haja espaço para as veigas onde agricultores, sejam eles de fim-de-semana ou a tempo inteiro, produzam e abasteçam de frescos as casas e os mercados das cidades. Uma capitalidade que afirme em definitivo a montanha da Penha como centralidade paisagística e simbólica da cidade que queremos ser. Uma cidade onde a circulação de pessoas (não de carros), informação e conhecimento seja uma afirmação de diversidade e cultura.

Neste tempo de difusão massiva, normalizadora e hegemónica de formas de organização económica e social e de modos de vida, sugiro um tema para a capitalidade: o “id”, aqui entendido enquanto dinâmica de construção identitária que distingue cada individuo na sua idiossincrasia e circunstância. Neste mundo monolítico, o apelo à diversidade seja ela de paisagem, de culturas ou de modos de vida, é o caminho da resistência.

A afirmação de Guimarães capital cultural poderia passar por aí. Aceitemos o desafio de refundarmos um mundo novo. Descentremos a âncora para a paisagem, para a sustentabilidade assente na aceitação da diversidade de modos de vida e de formas de organização social e económica.

A M C

05/03/2007

Manifesto Pro-Desenvolvimento Sustentavel

MANIFESTO -Guimarães – Sec.XXI: Rumo à Sustentabilidade:

Ameaças:

A crescente polarização de Guimarães pelas fortes centralidades vizinhas, como Braga e Porto, remetendo a cidade para funções menos qualificadas económica e socialmente.

A representação social amplamente difundida que associa Guimarães com baixos níveis de qualificação, frágeis elites cientificas e culturais e diminutos indicadores de urbanidade qualificada.

A tentação de implementação de estratégias de competitividade organizacional assentes no “dumping social”, cujo principal factor concorrencial é o baixo salário e não a inovação e qualidade.

Oportunidades:

O esgotamento de um modelo de desenvolvimento e as sinergias associadas aos diferentes planos sectoriais de combate à crise económica e social (emprego, industria, trabalho infantil…).

Um processo de urbanização tardio, em contra-ciclo com o “boom” de crescimento urbano de cidades vizinhas, o que permite um repensar de estratégias de desenvolvimento urbano e rural sustentáveis.

Pontos Fracos:

O baixo nível de escolaridade e qualificação profissional das populações.

A mono-indústria assente em formas de organização do trabalho pouco competitivas e motivadoras.

Recursos naturais fortemente degradados por um modelo industrial e de expansão urbana, predatórios de paisagem, águas e terrenos agro-florestais.

O desvalor da escola enquanto principal factor de mobilidade e enriquecimento pessoal, simbolicamente partilhada por largas franjas da população.

O povoamento disperso e desordenado.

Frágil rede de transportes públicos eficazes e não poluentes.

Pontos Fortes

A vitalidade demográfica.

A classificação Guimarães Património Mundial.

As acessibilidades rodoviárias e localização geográfica.

A centralidade simbólica de Guimarães.

O “know-how” nos sectores têxteis, confecção e cutelarias.

A Universidade do Minho.


Objectivo Estratégico:

Ancorar o modelo de desenvolvimento de Guimarães em factores como a inovação industrial e tecnológica, assim como na excelência ambiental aliada ao património histórico-cultural, afirmando assim o concelho como uma nova centralidade ambiental e socialmente sustentáveis.

De que modo?

Alguns pontos de viragem:

- Combate sem tréguas ao abandono escolar.

- Concretização no terreno do Parque de Ciência e Tecnologia, envolvendo escolas e universidades, promovendo o emprego e uma intensa rede de estágios profissionais e cursos de (re)qualificação profissional para jovens e menos jovens.

- O planeamento e concretização de uma cidade e concelho à escala humana, evitando a tentação de esvaziamento do município rural e excessiva densificação da cidade com os respectivos custos ambientais e sociais associados.

- Criação de uma cintura ecológica, sob a forma de quatro corredores verdes temáticos, a saber:

· Montanha da Penha – Cerca Conventual - Parque da Cidade - Ciclovia Guimarães-Fafe (vocação montanha); equipamentos: centro de interpretação e educação ambiental;
· Vale de S.Torcato (vocação agro-florestal); equipamentos: unidade de produção e investigação agrícola, orientada para as práticas agrícolas sustentáveis; Produção de frescos horto-fruticolas.
· Veiga de Creixomil (zona húmida e agrícola); equipamentos: Parcelamento de hortas sociais, para sessões de educação ambiental e ensino de práticas agrícolas a cidadãos jovens e adultos; Produção de frescos horticolas.
· Sector médio do vale do rio Ave (biótopo ribeirinho), requalificando paisagisticamente e ambientalmente o rio, o leito de cheia e vertentes, equipamentos: Eco-Museu do rio Ave.

- Promoção de uma gestão sustentável dos espaços florestais municipais e uma articulação equilibrada entre espaços agro-florestais e urbanos, através da definição de um Plano Municipal de Ordenamento Florestal.

- Criação de uma rede ciclável na cidade e no perímetro urbano;

- Tornar o centro histórico de Guimarães, um zona exclusivamente pedonal e/ou ciclável.

- Adesão de Guimarães aos princípios inerentes à Agenda 21 local, de cidades e vilas sustentáveis. Rede Civitas (Carta de Aalborg – das cidades europeias para a sustentabilidade).

- Concretização de uma campanha sensibilizadora das populações, escolas, empresas, para práticas cívicas e ambientalmente responsáveis, associando-a a uma imagem nova de Guimarães, “eco-cidade”, de cultura e responsabilidade cívica.

- Incentivar a criação de uma rede de transportes públicos não poluentes (biodiesel/gás/célula hidrogénio) que ligue a cidade aos diferentes núcleos do concelho.

- Elaboração amplamente participada pelos diferentes actores locais de um Plano Estratégico e de Desenvolvimento Sustentável para o Município.